A gente vive ouvindo que tudo passa. As dores, as alegrias, os amores, o hype. Tudo, eventualmente, encontra seu fim, escorrega para irrelevância ou vira trend reciclada no TikTok. E, nas últimas semanas, venho considerando que talvez eu também seja assim, algo que vai passar.
Calma, não era para soar tão dramático assim. Não, não estou num daqueles episódios de “sou tão coitado, ninguém me ama!”, juro. Mas sim, preciso dizer que tenho esse feeling de que sou só mais uma fase, tipo……. um labubu, sabe? Ou Bobbie Goods, copos Stanley, a Ice Spice, o Bluesky. Sou só um assunto que amanhã ninguém vai lembrar mais.
Pensando rápido, me vem na cabeça tanta gente que passou pela minha vida, umas por motivos ótimos, outras nem tanto. Também tem aquelas pessoas que eu admirei de longe, por anos. E é verdade, tem gente que nasceu com uma aura, uma presença, uma vibe meio “eu sou o evento”. Você sabe de quem eu estou falando. Aqueles que quando entram numa sala todo mundo olha, cheios de carisma, inteligência, beleza. Ugh. Deve ser tão confortável saber que você vai ser lembrado só por existir.
E aí tem eu.
Pensar sobre isso é complicado porque, honestamente, às vezes eu gosto de passar despercebido. É confortável ser o extra número três no fundo da cena do café. Mas, de alguma forma, ainda fico tentando encontrar esse….. algo em mim, o brilho, o diferencial, a energia magnética que alguns parecem ter desde sempre. A maioria das vezes encontro só mais um defeito, faço mais uma comparação (injusta) e confirmo, estou sempre quase, mas nunca lá.
Acho que a gente dificilmente se sente à altura de quem admira, e falando por mim, penso que o motivo de eu não chegar nem perto de ser como essas pessoas ou estar onde elas estão, é porque talvez não sirva ou deva estar lá. Não é o meu departamento. IMPOSTOR! TODO MUNDO VAI DESCOBRIR! IMPOSTOR!
Clássico.
É justamente aí que mora a sensação de ser esquecível. Se eu não pertenço a esses espaços, se não tenho segurança, se não me destaco, então vai ver eu só seja alguém que passa. Um medo clichê que aparece quando entro em espiral.
O mais louco nisso tudo é que ainda fico dividido, porque sinceramente, não sei dizer o que me apavora mais, ser esquecido ou ser visto demais. Que alguém olhe de perto e perceba que não tem nada de muito especial aqui.
E então, se estou com meus amigos, me pego esperando o momento em que eles finalmente vão conhecer alguém mais legal, mais criativo, mais engraçado, mais interessante, mais cult, mais bem resolvido. Será que ainda faz sentido estar por perto? Será que só estou aqui porque ainda não fui embora?
Se estou no meio das aulas, dos trabalhos em grupo e dos lanches superfaturados da cantina, me pergunto se estou no lugar certo. Será que vou me destacar? Será que só estou tentando fugir da minha vida de crachá e planilhas no Excel 2013? Não sou como o resto do pessoal, nem tenho as estratégias, o networking. Será que não era melhor sair de fininho, antes que descubram que sou só uma fraude tentando parecer original?
Foi mal, me empolguei.
Desconfio que essas crises tenham tudo a ver com o tempo em que a gente vive, em que todo mundo diz que ser autêntico é cool, desde que você esteja em evidência. Ser você mesmo é ótimo, desde que renda. Não performar é equivalente a fracassar.
E convenhamos, ninguém quer ser só “ok”, imemorável. Queremos nos sentir especiais, únicos, MAIN CHARACTER ENERGY. Mas, olha… isso cansa, e eu estou BEM cansado. Cansa tentar ser interessante, profundo, desejável. Cansa tentar parecer mais do que se é.
Acho que me conformei, de repente ser esquecível tenha lá sua leveza. Pensa comigo, pelo menos não preciso impressionar ninguém 100% do tempo, não preciso ser extraordinário, posso errar, sumir, voltar e só existir em silêncio. Afinal, preciso mesmo ser tão relevante assim? Ainda quero tentar?
Porque, no fundo, relevância é um negócio estranho. A gente nunca sabe por que vai ser lembrado (ou se vai ser). Pode ser por beleza de rosto, uma piada, ser chato e sem noção, por uma indicação de filme, uma conversa besta, por um trabalho. Não dá para controlar o que fica no outro, então acho que posso aceitar meu destino.
Sempre falo que estou vivendo minha era enigmática e misteriosa. E quem diria? No fim das contas, talvez o meu impacto esteja justamente na ausência.
E é certo que não vou deixar marca em todo mundo que cruzar comigo, mas quem sabe eu não me torne um pensamento aleatório ou uma lembrança meio esquisita tipo “Ah, aquele menino até que era engraçadinho!”.
Ainda é um legado, né?
VOCÊ SEMPRE SERÁ HIT! 💌
quanta sensibilidade, rafa!! te admiro demais 💘💘💘